domingo, 12 de outubro de 2014

As time goes by...

Tudo normal. Só ando dispensando a boa vontade excessiva alheia... Pois andam tentando resolver os problemas que não tenho, ou que não me incomodam.

No mais... são mesmo tantos compridos e remédios assim?

"Eu vou estar de melhor humor na terça-feira."

domingo, 11 de maio de 2014

Era cilada ou a cilada sou eu?

O namorinho não deu certo. Na verdade, não passou de um encontro. Dos mais românticos, tenho que admitir. Parecia aquela coisa que acontece com a gente quando somos adolescentes. A tensão de esperar a pessoa chegar em um lugar público, dai a conversa começa meio nervosa, meio ansiosa. A gente se segurando pra não falar uma besteira qualquer e perder a linha. Quando se vê, já está conversando como se fossem amigos de infância. Dai tem que esperar as luzes do cinema se apagarem para poder pegar na mão. Beijo ou não beijo? Espero ele me beijar? O filme acaba e todos vivem felizes para sempre? Até que o HIV os separe? Não chegamos a essa parte.

Apesar de meio romance que a descrição acima possa suscitar, não nos ligamos nem nos falamos no dia seguinte. Nem nos outros. Uma mensagem no Whatsapp perguntando se estava tudo bem fez com que um papo se estendesse por uns vinte minutos. As últimas palavras foram algo tipo "até logo e vê se não some". Sumimos.

Não chegamos a transar. Fomos, por uma noite, o par ideal. Homem um do outro. Humanos. O HIV não chegou a entrar na história.

Fim.

domingo, 16 de março de 2014

Quando eu me apaixonar...

Depois de anos dizendo "e quando eu conhecer alguém?", eu conheci alguém.

Eu não vou conseguir. Ou vou acabar contando sobre minha soropositividade em questão de dias, ou vou não dar sequência, abrir mão, e sumir.

É complicado porque o rapaz tem sido uma pessoa tão maravilhosa... e dai eu fico me sentindo tão bem, como se eu estivesse sendo recompensado depois de tanto tempo sem sentir nada por ninguém. Claro que tem o fato de que eu também não estive procurando alguém esse tempo todo. Apareceu, como dizem por ai.

Por outro lado, não acredito em segredos. Não desses. Posso prejudicar a vida de uma pessoa de um modo irreversível. Seria muito egoísmo meu. Não conseguirei transar com ele sem pensar nessa questão durante todo o tempo. Não vai ter espaço pro prazer entre minha consciência, a preocupação, e o egoísmo.

Obviamente tenho lido bastante sobre casais sorodiscordantes, toda a questão da transmissão em casos de carga viral indetectável, e não cogito transar sem preservativo nem com uma arma apontada para minha cabeça. Ainda assim, o segredo sobre algo assim não me parece uma opção.

Demorou pra que eu sentisse algo ou quisesse algo com alguém novamente. Talvez eu devesse deixá-lo ir... e ir em busca de algum soropositivo. Ou voltar a ficar bem só. As paixões, psicologicamente falando, são também transtornos. Não?

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Colesterol

Meus últimos exames mostram uma alteração um tanto quanto sensível no colesterol. Amanhã irei ver meu médico, uma vez que ele já está com os exames em mãos e pediu para que eu fosse conversar com ele sobre os mesmos.

O que será recomendado? Depois de quatro anos de diagnóstico, mudanças? Novidades? 

Ando "ligeiramente deprimido". Tentado a voltar a tomar ansiolíticos e antidepressivos. Mesmo que por um curto tempo. Sempre parece ser um caminho fácil lançar mão do que a farmácia nos oferece. Penso "será que é um dos efeitos colaterais do Efavirenz?

Umas coisas são um tanto quanto engraçadas... digo... estranhas. Quando descobri que eu sou soropositivo, o médico e eu conversamos bastante sobre cura, possibilidades, o que viria nos próximos anos. Em novembro completo cinco anos de status positivo confirmado. Nada mudou. Não surgiu uma nova droga, nada de cura, nada de menos preconceito. Nada.

Não que o vírus me atrapalhe mais. Tomar os remédios antes de dormir há muito virou um ato tão mecânico, tantas vezes repetido, que só me lembro de que é algo diferente de uma pessoa soronegativa quando tenho que ir buscar a reposição dos comprimidos.

O que incomoda, de fato, é falta de certeza sobre certas coisas. Aquela gordurinha localizada é normal? Algo que apareceria com a idade mesmo ou foi turbinada por uma suposta lipodistrofia? Os vincos no rosto, tudo obra do tempo? O cansaço, a melancolia, o colesterol...

Eu tenho esquecido muito que tenho o vírus do HIV. Tanto que hoje, para escrever aqui, quando fui criar os marcadores para essa postagem, eu travei. Pensei "cara... eu sou HIV+..." como se fosse uma novidade, uma velha novidade. Uma re-constatação.

Talvez eu... talvez o HIV tenha me feito ser outra pessoa. Melhor do que antes, talvez. Mais lúcido. E é o que tanta gente busca. Lucidez. Talvez. Ou pensar que é assim torna certas coisas menos dolorosas. 

No mais, estou bem. Muito bem.