Meus últimos exames mostram uma alteração um tanto quanto sensível no colesterol. Amanhã irei ver meu médico, uma vez que ele já está com os exames em mãos e pediu para que eu fosse conversar com ele sobre os mesmos.
O que será recomendado? Depois de quatro anos de diagnóstico, mudanças? Novidades?
Ando "ligeiramente deprimido". Tentado a voltar a tomar ansiolíticos e antidepressivos. Mesmo que por um curto tempo. Sempre parece ser um caminho fácil lançar mão do que a farmácia nos oferece. Penso "será que é um dos efeitos colaterais do Efavirenz?
Umas coisas são um tanto quanto engraçadas... digo... estranhas. Quando descobri que eu sou soropositivo, o médico e eu conversamos bastante sobre cura, possibilidades, o que viria nos próximos anos. Em novembro completo cinco anos de status positivo confirmado. Nada mudou. Não surgiu uma nova droga, nada de cura, nada de menos preconceito. Nada.
Não que o vírus me atrapalhe mais. Tomar os remédios antes de dormir há muito virou um ato tão mecânico, tantas vezes repetido, que só me lembro de que é algo diferente de uma pessoa soronegativa quando tenho que ir buscar a reposição dos comprimidos.
O que incomoda, de fato, é falta de certeza sobre certas coisas. Aquela gordurinha localizada é normal? Algo que apareceria com a idade mesmo ou foi turbinada por uma suposta lipodistrofia? Os vincos no rosto, tudo obra do tempo? O cansaço, a melancolia, o colesterol...
Eu tenho esquecido muito que tenho o vírus do HIV. Tanto que hoje, para escrever aqui, quando fui criar os marcadores para essa postagem, eu travei. Pensei "cara... eu sou HIV+..." como se fosse uma novidade, uma velha novidade. Uma re-constatação.
Talvez eu... talvez o HIV tenha me feito ser outra pessoa. Melhor do que antes, talvez. Mais lúcido. E é o que tanta gente busca. Lucidez. Talvez. Ou pensar que é assim torna certas coisas menos dolorosas.
No mais, estou bem. Muito bem.