E então alguém está muito interessado em mim.
Como não poderia deixar de ser, nem estou tão interessado assim. O que é uma pena, óbvio, porque eu queria muito estar interessado em alguém, mesmo que fosse nessa pessoa, "só" pra poder retribuir o sentimento.
Mas daí vem o crucial momento: e quando formos transar? Vou conseguir me conter? Seria a primeira pessoa desconhecida pra quem eu iria deliberadamente contar.
"Ele vai fugir, vai ficar com medo, e a notícia vai se espalhar", penso logo em seguida. E isso, vale lembrar, sendo que eu sequer estou tendo algo, nem beijamos na boca ainda. Namorico das antigas. Aquela fase de conhecimento.
Se eu passar o vírus pra alguém (e vier a ter conhecimento disso), sei que nunca vou me perdoar. E que a autoflagelação a qual vou me impor, provavelmente vai me enloquecer.
Em suma, antes do HIV eu estava relativamente bem em minha autosuficiência, sem namorar, apenas transando eventualmente com a mesma meia dúzia de parceiros. Saber que carrego o vírus famoso em meu organismo me faz, talvez inconscientemente, carente. Mais do que o recomendável.
Tenho tentado remediar a coisa toda sendo o mais carinhoso, gentil, generoso e agradável o possível com as pessoas que conheço (ou não). Tentar doar algo de mim (que não a merda do "vírus mau") e fazer o bem vai me aquecendo.
No mais, as coisas todas estão a caminhar. O labor, os amigos, as famílias. Meu compromisso com a vida é fazer as pessoas felizes. Nada ainda me impede. Que bom.
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