Longo tempo sem escrever.
E então chegou a hora de fazer os exames. Penso no quanto vou gastar de novo. Penso em tudo e quanto isso vai custar pra mim psicologicamente. Mas, mais uma vez, essa é a vida agora.
Os dias tem passado rapidamente. Trabalhando demais e às vezes me espanto ao lembrar que tenho HIV. Penso "caralho, estou com AIDS!" como se eu não soubesse. Muito provavelmente porque ainda não estou na rotina medicamentosa (essa palavra existe?).
Nos últimos 30 dias eu conheci duas pessoas. Com ambos, muito desconforto antes, durante e depois da transa. É andar na corda bamba equilibrando um copo de ácido na cabeça. Por mais que tenha uma rede de segurança logo abaixo. Estou lá trepando com o cara mas pensando "não posso gozar na boca dele, não posso isso, tenho que tomar cuidado com aquilo". Um festival de preocupações que me fazer aproveitar pouco.
Por fim, não tive nada além de sexo e suposta amizade com nenhum dos dois. Sempre pensando que se aquele momento se extendesse por um mês, meses, um ano, eu não teria coragem de fazer de conta que não tenho o vírus. Obviamente não é a mesma coisa que se declarar cardíaco, diabético ou israelense. Imagine como esconder os remédios, quando eu tiver que tomá-los.
Fora a tendência que tenho a achar que esse rojão eu seguro, eles não. Penso que eles não tem estrutura psicológica, emocional, familiar, o que quer que seja. Arrogante eu, né? Como se eu fosse uma fortaleza superior. Ou como se essa situação não me desgastasse nem um pouco. Por mais que eu não admita.
Eu não quero sofrer com o HIV. Não sei se eu já comecei. Ainda tenho dado risada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário