segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Psico-logizando

Esse mês passado foi um terror em alguns aspectos e uma bênção em tantos outros.

A parte boa foi que reencontrei tanta gente que não via há tanto tempo, e nos divertimos tanto. Foi excelente.

O terror ficou por conta de uma descida rápida rumo à clássica depressão. Essa, aliás, nem me incomoda tanto. Mas a ideia fixa, a falta total de tranquilidade... Sabe aqueles momentos do dia que você para, fica olhando pela janela, para o tempo, para o nada, pensando em absolutamente... nada... pois é, não existem mais na minha vida.

Cara, como eu sinto saudades disso... ficar em algum lugar, com minha cabeça em outro lugar. Lunar. E nem se trata de drama, mas de controle da mente, do pensamento. O tal pensar não tem dono, não tem freio ou direção. Queria passar um dia inteiro, metade de um dia que fosse, com o pensamento vazio. E não me sentir inquieto, não me sentir intranquilo (essa palavra existe?).

Cansei de ficar querendo e já há um tempo estava correndo atrás de um acompanhamento psicológico. Rola um auto preconceito, por achar que é uma fraqueza, que eu teria a obrigação de saber lidar com tudo sozinho. Enfim... hoje, finalmente, conversei com um psicólogo.

Passei a manhã fazendo testes, completando questionários, conversando... e tenho que admitir que se fosse antigamente, eu teria adorado ser entrevistado. Agora não. Mas claro: tentei aproveitar cada minuto.

Tentei me desvencilhar do que já li e ouvi falar sobre testes psicológicos. Não fiz desenho de casinha ou pessoa lembrando disso ou daquilo. E já pude perceber, mesmo que seja num primeiro contato, uma crítica sutil rsrsrs

Eu queria ser com desconhecidos da mesma forma que eu sou no trabalho, ou com amigos íntimos, ou com familiares. Acho que as pessoas se "amarrariam" em mim. Acho que assim, de primeira, ninguém dá muito por muito. E talvez nem devam. Talvez nem valha. Ninguém vale. Mas gosto também de como vou (vamos) crescendo com o tempo na vida das pessoas. Parece que agrado, vide a quantidade de amigos e a duração das amizades que tenho. Tudo muito.

Acho engraçado também porque eu sei que ali, no primeiro papo, eu tímido, contido... é tão oposto ao que muita gente acha de mim, pelo que passo. Fim de consulta. =D

Ficou que o não falar sobre o HIV com ninguém, me deprime. Eis-me aqui. Alguém de novo? Se não, comigo mesmo não adianta. Hoje houve progresso.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Same old

Conheci um cara muito interessante.

Primeiro pensamento: e agora?

Ele me falou dos planos dele, são tantos. Eu nem nunca tive plano algum. Vai que eu estrago esses planos passando essa merda pra ele? Vai que a gente começa algo "sério", vou contar? Como vou passar os dias escondendo algo tão forte? E quando dormirmos fora, vou viver a mentira de que os remédios são vitaminas?

Vamos ver... vamos ver...

domingo, 26 de junho de 2011

O que sou (?)

Sem mais aqueles efeitos colaterais horrendos. Dormindo tranquilamente, e já abandonei o comprimido que eu estava tomando para induzir sono.

Meu infectologista riu da minha cara quando eu disse que estou me sentindo "lipodistrófico", garantindo (ele) que a maneira a qual comecei minha medicação, a época, meu tipo físico, estilo de vida... enfim, tanta coisa me exclui do que se considera "típica 'vítima' de lipodistrofia" que eu devia me concentrar mais em viver a minha realidade do que ansear por uma fantasia aterrorizante. Concordei, lógico.

Agora, é levar a pontualidade dos remédios a sério e torcer para não ter mais surpresas ou adaptações. E viva a tranquilidade.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Cercado

O principal remédio que tomo veio diferente dessa vez. Não me lembro se já comentei a respeito disso aqui anteriormente. Enfim, tenho sofrido efeitos adversos terríveis com essa mudança. O lote anterior, de outra marca/empressa fabricante, não me causava nada.

Tontura, vertigem, cansaço extremo, dores de cabeça, depressão extrema, confusão leve, dificuldade de me recordar de fatos recentes... enfim... toda a gama de loucuras e maluquices às quais eu antes sequer sabia que existiam... mentira, sabia porque lia a respeito, mas me achava sortudo por não estar nos 40% de usuários do medicamento que sofrem esses efeitos.

Sei que há outros remédios que podem substituir esse ao qual estou (sem sucesso) tentando me adaptar há 15 dias. Mas perdem em praticidade (esse é dose única, à noite - o outro, salvo engano, duas vezes ao dia) e os efeitos adversos a longo prazo (dos outros) tendem a ser mais severos, pelo que li.

Sim, igual a qualquer outro soropositivo, morro de medo de lipodistrofia/lipoatrofia...

Meu último exame veio com uma leve melhora no nível CD4... a qual achei muito sútil. Completo 5 meses utilizando a medicação e confesso que eu esperava uma melhor muito mais notável.

Enfim, temo mudar de remédio, e nem cogito ficar sem tomar algum. De todo modo... está impossível aguentar o quadro psicológico que esse remédio tem me imposto. Beirando a paranóia. Queria não estar precisando de remédio algum, claro.

Novamente, saudades do lote anterior, onde eu não sentia efeito algum... e vamos que vamos, torcendo por melhorias.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Chacoalhando o barquinho

Meses de tranquilidade, eis que algo chega pra interromper: efeitos colaterais fortíssimos do remédio?

Ontem peguei mais comprimidos para os próximos dois meses. A noite de ontem para hoje e essa madrugada tem sido terríveis! Agonia, sensação de mal estar, desespero, angústia, pânico, ansiedade. O rol dos maleficios que a Igreja Universal se propõe a curar em seus "desencapeteamentos".

Justo no feriado duplo? Deus, que inquietação. Isso passa? E por que só agora, depois de meses com o mesmo remédio? Estranhíssimo, no mínimo.

Vou tentar, durante o dia, mesmo sendo feriado, contato com o infectologista e vero que pode ser. Todo modo, percebi que os comprimidos estão com cores e tamanhos diferentes dos de costume. Será algo? Mudança de fábrica? O princípio ativo não é o que interessa? Enfim. Cenas dos próximos capítulos.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Quem é?

HIV.

As outras coisas todas parecem tão mais importantes... e os remédios, não para essas, mas para o HIV, já é tão fácil, simples e automático...

As outras cousas todas, que as pessoas às vezes sentem um prazer mórbido² e doentio em infligir, talvez essas sim, cura de difícil obtenção.

O mundo, descoberta recente, não é mesmo redondo. Uns de nós é que acham que são. Perfeitas, nem. Redondamente enganadas acerca de si mesmas e dos umbigos dos outros.

Desenganado por um médico, pelo espelho, pelos risos, e por isso só. O resto todo é mesmo ilusão.

sábado, 19 de março de 2011

sexta-feira, 11 de março de 2011

Deep Thoughts (interna)

Fui comprar uns pães de queijo, especialidade de Minas. Balconista simpático dando mais atenção do que eu esperava. Fiquei lisonjeado e envergonhado, como sempre quando estou numa situação dessas sem ninguém por perto, e me dirigi até o caixa para pagar, cabeça baixa.

Foi só sair do recinto, caminhar pela rua, e meu pensamento "não posso nem pensar em tentar algo com o balconista gatão... vai que eu contamino ele" :/ Me desestrutura saber que eu tenho esse tipo de pensamento. Por mais que de fato seja um fato. Tenho que me preocupar por mim e pelos outros. Não que eu vá viver em torno disso, desse medo, dessa constante vigília.

Não posso negar também que eu tenho transado cada vez menos, conhecido cada vez menos pessoas, me interessado por sexo (e por pessoas para isso ou algo mais) cada vez menos também. Sei lá se é por ter, inconscientemente, repriorizado isso tudo em outra sequência...

Estou no banco de reservas. Não sei mais, porém, se quero voltar a jogar. Ou quero, sim. Mas o jogo não me interessa, ou o resultado.

Eu ambiciono pela cura muito mais pra me tranquilizar pelo que poderia acontecer com os outros, pelo fato de estar com o vírus ser um motivo pra me preocupar em me envolver (ou não me envolver) do que pelos remédios e todo o resto.

No mais... sem mais. Ou todo dia tem sido cada dia.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Falta de continuidade

Às vezes cansa a falta de continuidade das coisas, ela disse.

E como cansa.

Em quase 60 dias de medicação, só houve uma noite em que não tomei os remédios: saí e, imprevisto, não pude dormir em casa. Minha consciência ficou do tamanho de um elefante gordo.

Além, só o pensamento de "que saco!" quando estou me dando bem com alguém.

O resto, nem tem.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O que será?

Ainda aliviado por não ter sofrido efeitos colaterais imediatos. Nada de sonhos, alucinações, vertigens, náuseas, urticárias, ínguas, nada.

Dizem que estou mais magro, mas voto que é consequência da minha completa falta de rotina alimentar saudável dos últimos meses. Aliás, desde que descoberta a minha sorologia, não tenho conseguido manter uma dieta constante. Muito por estar ainda (sim, ainda) me adaptando à ideia. Preciso, não só nesse sentido, viver uma vida normal, sim, mas não mais como antes, completa despreocupação.

Há que se vigiar e registrar taxas sanguíneas, calóricas, e sei lá mais quantos dados que vão formar meu histórico de convivência com o vírus. Espero que meu organismo continue (re)agindo como parece estar: como se nada estivesse acontecendo. Digo, fora o fato de que toda noite sem falta e pontualmente engulo comprimidos, nada é diferente de quando eu não tinha o vírus.

Quando transo com um "ficante", eu temo pelo cara. Por mais que eu use preservativos, eu me sinto responsável e, numa crise de paranóia, já fico imaginando se o cara tem ou terá ou teria estrutura (amplos sentidos) para segurar a barra, como ele reagiria e tudo mais se ele se descobrisse soropositivo.

Eu às vezes ainda fico meio deprimido quando me lembro que mesmo usando preservativos, me contaminei de alguma forma. E não suportaria bem saber que eu teria contaminado alguém, mesmo que eu não "tivesse culpa" por isso.

Quero todos bem.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Sagarana

Sem mais efeitos imediatos do remédio.

Não sinto mais sono excessivo. Não sinto mais o "barato" que bateu nas primeiras semanas. E eu espero que assim sigam os dias todos daqui para frente. Até uma medicação mais moderna ainda. Até a cura invisível, talvez.

No mais, tenho sido feliz, acho. Quase normal. E nunca esqueci de tomar o remédio. Por mais que ainda não tenha um mês.

Voltando a mim.