Encarar o HIV em mim tem sido um problema. Se interrompo uma atividade rotineira durante o dia e me lembro que tenho o vírus, sinto como se fosse a primeira vez que eu me desse conta de tal fato. Bizarro, não? Negação? Sei lá. O susto que tomo em cada uma das 1.942 vezes que "fico sabendo" que estou com HIV num período de 24h tende a me cansar.
Por falar em fatos estranhos, essa noite tive um sonho no mínimo perturbador. Nele, meu pai, não sei como, descobria que sou soropositivo e com isso a tranquilidade familiar (e a minha suposta paz pessoal) se tornava uma coisa qualquer que beirava o infernal.
Sonhos à parte, recentemente tomei conhecimento de que um antigo rolinho também está com o vírus. Fiquei uns 5 anos sem vê-lo até que, num show de MPB no ano passado, por um acaso, nos encontramos. Eu não o reconhecí. Será que ele mudou tanto por causa dos remédios? Por causa do vírus?
O fato é que, com mais esse, são três pessoas que eu conheço pessoalmente e que estão na mesma condição que eu. Fico, obviamente, imaginando quantas mais das pessoas próximas não estão também assim. Real: somos todos homossexuais que levavam uma vida sexual divertida e interessante, por mais protegida e segura que pretendesse ser. Engrossamos estatísticas.
Há anos não se fala em grupo de risco, mas o tal comportamento de risco parece ser ainda maior no nosso grupo. Por mais que eu ainda esteja em dúvida se a "culpa" da coisa toda foi de uma afta ou de alguma ferida em minha mucosa bucal. E não é que eu me lembro mesmo de aftas? :/
Esperando o resultado de (mais) uns exames. Tudo leva tempo. Dai espero vir aqui e postar sobre temas mais amenos e positivos. Sem trocadilho.
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