domingo, 19 de dezembro de 2010

Lane

Algo me faz lembrar do HIV todos os dias. Dai tento levar com bom humor, como se fosse uma brincadeira de "vamos ver como é a vida de um soropositivo". Eu em disfarce.

Vejo, abismado, a percepção que as pessoas quase todas têm do que vem a ser um soropositivo, um aidético. Tanto preconceito. É absurdo. Compreensivelmente absurdo. Elas conhecem gente de todo tipo. Gays, idosos, crianças, pessoas com câncer, paraplégicos... "aidéticos", não. Assim supõem, claro.

Somos os tipos de pessoas que as mães não querem próximos de seus filhos. Que as pessoas se recusariam veementemente a beijar na boca, quiçá um aperto de mão rápido. E muita gente, mas muita mesmo, se pudesse, criaria um incinerador tamanho jumbo, e nos queimaria todos, um a um.

Estive visitando o site do governo, moderninho até, e vi o material da nova campanha contra o preconceito. Não é de dar dó? Digo, não a campanha, que essa é bem intencionada e de uma assepsia calorosa. Mas o efeito, as consequências.

Tá certo, deixo o pessimismo de lado. Faz bem crer que ter AIDS é aceitável. De fato, num aspecto, é desimportante. Nos outros quase todos, é meio desesperador imaginar um sem-fim de portas fechadas.

Dane-se, claro. Mas dá sim saudades dos dias em que não se tinha preocupações com exames trimestrais, taxas (sanguíneas e custos de exames), horários com médico, e etc, etc, etc.

Nota mental: tem sido complicado relaxar e gozar. Sempre preocupado se não vou passar o vírus adiante.

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