Acho que hoje, sei lá porquê, foi o pior dia.
Em casa me sinto um sujo. Há visitas, bebês, crianças, idosos. Não quero ficar perto. Não tem alegria hoje. Não sei o motivo. Não quero ficar perto.
Será que a possibilidade de um futuro "limpo", promissor, dessas crianças me incomodou? Será que sinto que desperdicei a parte que me cabia? Os idosos são a prova de que chegaram, eles e muitos outros, onde eu, provavelmente, não chegarei?
Se meus pais viverem muito, passarem dos 90 anos, eu terei quase 70. Ou teria.
Até eu morrer, terei que viver com um segredo espinhoso, feio, sujo. Os estigmas de um aidético. Pra onde eu varro isso aqui dentro de casa, já que não posso me desfazer disso? Esconder... me tira o sono. Ter me tira o sono. E já havia outras coisas tantas e todas que me roubavam o sossego em doses fartas. Somam-se. Multiplicam-se. e Não divido com ninguém. (Sub)traio-me.
Torço por uma morte digna e justa antes do tempo que o vírus venha me tirar a vida. Não quero deixar a um vírus esse gosto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário